A digitalização do mundo contemporâneo é uma tendência que não demonstra sinais de recuo. Caracteres e algoritmos ditam o ritmo de empresas de todos os setores, acompanhando os novos hábitos de consumo que se instalam entre públicos de variados perfis. Para mensurar a recente quebra de tabu a respeito das soluções digitais e a redução da resistência às novas mídias, os livros são bom exemplo. Com livros impressos em plena circulação no mercado, o faturamento com livros digitais cresceu 115% num prazo de 3 anos.

Os dados são de pesquisa da Nielsen em parceria com a Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional de Editores de Livros, publicada em agosto de 2020. De 2016 a 2019, o acervo de obras digitais brasileiras cresceu 37%, entre e-books e audiolivros. A produção reflete a demanda: nesta janela de 3 anos, o mercado editorial aumentou em 115% seu faturamento com conteúdo digital. Em 2020, a pandemia de Covid-19 contribuiu. Um levantamento da Bookwire, que distribui e-books para 550 editoras no Brasil, quantificou o crescimento no ano passado. A empresa contabilizou 9,5 milhões de exemplares distribuídos (pagos e gratuitos) entre março e abril – equivalente a 80% de todo volume digital comercializado em 2019. Hoje, o conteúdo digital já representa 4% do mercado editorial brasileiro, chegando a 7% do faturamento nas grandes editoras (receita acima de R$10 milhões).

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Números ascendentes em intervalos curtos despertam para um mercado de grande potencial até então pouco explorado. O consumo da mídia física ainda é majoritário, mas a escalada notória dos livros digitais desperta reflexões culturais e econômicas. Se os e-books hoje apontam para o futuro, quais fatores justificam sua crescente aceitação no presente?

SEGURANÇA E COMODIDADE

A pandemia certamente deve ser considerada como fator acelerador na mudança de hábitos. Quase todas as tendências digitais já delineadas para o futuro levaram um “empurrãozinho” ao presente, como alternativa à necessidade de distanciamento social. A logística de aquisição de um livro pela internet é mais segura do que a ida à livraria. A mídia física atravessa estradas e chega na sua porta pelo correio. A vantagem na compra de um e-book está na instantaneidade: é comprar e começar a ler, sem esperas.

VIABILIDADE FINANCEIRA

O e-book expande o acesso à literatura e ao conhecimento a novas camadas sociais. O preço de venda de um e-book é, via de regra, menor do que o valor de um mesmo título impresso. Basta considerar o processo produtivo da mídia física – folhas, impressão, confecção das capas, encadernamento, distribuição rodoviária. Cada etapa da produção está embutida no valor de compra que chega ao consumidor. O e-book, por sua vez, é um arquivo digital. Concentra e disponibiliza as informações sem depender de recursos físicos, apenas virtuais. Com valor de compra reduzido, mais pessoas podem acessar mais bibliografias mesmo em contextos de instabilidade econômica.

DINAMISMO

O e-book é uma mídia muito dinâmica, e a entrega instantânea é apenas uma das facilidades em relação ao livro físico. O livro digital não rasga, não amassa e é menos suscetível à perda ou extravio, por se tratar de um arquivo virtual. Pode ser acessado de diversos dispositivos digitais (celular, computador, tablet) e levado para qualquer lugar sem esforço extra. Seu dinamismo combina com o estilo de vida de boa parcela da população brasileira, que busca praticidade para transitar entre trabalho, estudo e lazer.

FOMENTO À EDUCAÇÃO

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O consumo de obras literárias se abriu aos moldes digitais na pandemia, mas o e-book já vem revolucionando o contexto acadêmico há algum tempo. Os livros digitais potencializam a produção de conhecimento científico por várias frentes. Com preços menores, as universidades conseguem atualizar o acervo com mais frequência, e eliminam a necessidade de múltiplos exemplares por título. A mídia digital também comporta ferramentas de pesquisa que otimizam o trabalho de estudantes e pesquisadores, elevando a produtividade da academia brasileira.

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