Novo ensino médio: o que muda?
8 de março de 2021
Não é de hoje que o modelo tradicional de ensino médio se mostra ultrapassado, maçante e pouco produtivo para os estudantes, por não conseguir dialogar com os novos hábitos e comportamentos da juventude contemporânea. Na pesquisa IBOPE realizada em 2016, 72% dos brasileiros já se demonstraram favoráveis a mudanças no ensino médio, e 70% da população defende que os alunos possam escolher as matérias que gostariam de se aprofundar durante o ensino médio, podendo inclusive optar pela formação técnica ao longo dos 3 últimos anos da educação básica.
A não efetividade do atual ensino médio reflete negativamente em toda a sociedade, com o prejuízo maior recaindo sobre os próprios estudantes, que acabam privados da educação de qualidade que lhes é garantida por lei. Considerando que, segundo o MEC, 41% dos jovens brasileiros abandonam a escola antes de se formar, é hora de apostar em mudanças dinâmicas e funcionais.
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Para romper laços com os moldes educacionais replicados desde o século XIX e investir em um ensino que faça sentido para os estudantes de hoje, o Ministério da Educação propôs uma reformulação na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), com mudanças principalmente relacionadas ao Ensino Médio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Da ampliação da carga horária à implementação dos itinerários formativos, as novas propostas são expressivas e as redes e escolas têm até 2022 para se adaptarem à nova legislação. Você, gestor escolar, já sabe o que muda e o que deverá ser adaptado na sua instituição?
CURRÍCULO BASEADO EM ÁREAS DO CONHECIMENTO
As mudanças na BNCC, baseadas na proposta de flexibilização curricular, estabelecem que o novo currículo do ensino médio seja estruturado sobre as 4 principais áreas do conhecimento, seguindo a divisão já aplicada no ENEM: Competências Específicas de Linguagens e suas Tecnologias, Competências Específicas de Matemática e suas Tecnologias, Competências Específicas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Competências Específicas de Ciências Humanas e suas Tecnologias. O agrupamento dos conteúdos em 4 grupos de base busca estimular a interdisciplinaridade, onde um mesmo tema é debatido por vieses complementares de disciplinas diferentes, para que se formem conhecimentos mais complexos e multifacetados. A partir destas 4 grandes áreas, a definição das grades curriculares específicas fica aberta para as secretarias de cada estado, com obrigatoriedade apenas para as disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática e Língua Inglesa.
ITINERÁRIOS FORMATIVOS
As 4 grandes áreas referenciadas na BNCC dizem respeito à formação geral básica, indispensável para todos os alunos. A novidade que passa a se associar obrigatoriamente ao currículo de base são os chamados Itinerários Formativos: conjunto de disciplinas, projetos, oficinas e núcleos de estudo direcionados a áreas do conhecimento específicas, para que o aluno opte pela área em que deseja se especializar. Com os itinerários formativos, o ensino médio deixa de ter uma métrica fixa na qual todos os estudantes precisam se encaixar e passa a oferecer caminhos distintos para que cada indivíduo escolha de acordo com suas preferências, incentivando o protagonismo juvenil.
CARGA HORÁRIA
A ampliação e distribuição da carga horária está entre as mudanças significativas. Saindo das 800 horas anuais até então exigidas, o novo ensino médio estabelece uma carga horária mínima anual de 1.000 horas (com expansão gradual para até 1.400 horas anuais), compondo 3.000 horas de estudo ao longo dos 3 anos de ensino médio. Do montante total, 1.800 horas devem ser dedicadas exclusivamente à formação geral básica, enquanto as 1.200 horas restantes devem compor a jornada dos itinerários formativos.
ENSINO TÉCNICO
Em compromisso com o futuro pessoal e profissional dos alunos e na intenção de melhor capacitá-los para o mercado de trabalho, o novo ensino médio amplia o foco sobre o ensino técnico. Se antes uma formação técnica simbolizava mais 1.200 horas paralelas às 2.400 horas de ensino médio, agora a abordagem é integralizada. Estudantes matriculados no novo ensino médio terão a possibilidade de cursar integralmente um itinerário técnico, um curso técnico em conjunto com cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), ou um conjunto de FICs que se articulem entre si, de acordo com a disponibilidade de oferta em seu território (seja em uma instituição parceira ou na própria escola onde cursa a formação geral básica). A diferença é que a formação técnica e profissional passa a ocupar a carga horária destinada aos itinerários formativos – cabe ao aluno moldar sua formação de acordo com seu projeto de vida.
O ensino brasileiro passa por um intenso processo de modernização, na busca de abandonar modelos antiquados para se alinhar às tendências da educação. Se você é gestor escolar e busca por ferramentas que facilitem a adaptação ao novo ensino médio, acompanhe as novidades da Intersaberes! Somos especializados na produção de conteúdos universitários de excelência e nossas soluções educacionais estão em expansão. Fique por dentro: https://www.intersaberes.com/