Do clássico ao contemporâneo: livro discute o controle político do espaço pelo viés da Geopolítica
18 de abril de 2022
O desenvolvimento tecnológico dos últimos dois séculos transformou o mundo e, com isso, suas relações de poder. As revoluções industriais levaram a humanidade à chamada “Economia do Conhecimento”, na qual a tecnologia é pilar essencial. A inovação tecnológica que aprimora as condições de transporte e viabiliza o desenvolvimento de mísseis, também abre caminho para uma economia globalizada. O resultado é um efeito de compressão do tempo-espaço, onde a informação é instantânea e os ataques atingem distâncias antes inimagináveis. Nesse caldeirão de novidades, como acontecem as divisões de território, poder e influência no mundo de agora? Essa é a conversa proposta pelo livro “Geopolítica: do pensamento clássico aos conflitos contemporâneos”, do autor Augusto W. M. Teixeira Júnior, publicado pela Editora Intersaberes.
A geopolítica é uma ciência interdisciplinar por natureza. Agrega legados da geografia (física e política), combinados à história e à ciência política. Enquanto a geografia política analisa a realidade espacial de forma mais estática – como uma fotografia -, a geopolítica sugere uma visão dinâmica – como um filme, um “organismo vivo”. “A geopolítica é mais do que uma ciência voltada à gestão do território; é essencialmente uma ciência do poder, com o diferencial de trazer a dimensão espacial para a compreensão das relações internacionais”, explica Augusto. Fiel à dinamicidade dos tempos, a obra consta na lista dos 13 livros recomendados para entender os conflitos geopolíticos contemporâneos, elaborada pelo portal Aventuras na História. “No contexto da atual guerra na Ucrânia, ler o ‘Geopolítica: do pensamento clássico aos conflitos contemporâneos’ será uma forma de compreender mais profundamente o ambiente geopolítico e estratégico em que vivemos”, sugere o autor.
Tecnologia e instabilidade geopolítica
Ainda que o desenvolvimento científico e tecnológico seja encabeçado por poucos países, a difusão de seus efeitos já é global. A popularização do acesso às novas tecnologias (físicas e virtuais) cria novos espaços de poder, de sociabilidade e de incerteza. O controle sobre a informação, antes antidemocrático, agora demonstra os riscos da manipulação e das notícias fraudadas – especialmente na condição de assimetria de poder ainda vigente nas relações internacionais. “Em um mundo caracterizado pela polaridade em transição, a difusão de tecnologias pode acirrar tendências de conflito e competição internacional. Desta forma, a instabilidade geopolítica atual é também alimentada por uma realidade mais interconectada, interdependente e dependente da tecnologia”, comenta Augusto.
Revisitar o passado, interpretar o presente
Nas palavras do autor, “a história é um repositório de experiências e, com sorte, de lições aprendidas”. Paralelamente a todo o avanço tecnológico dos últimos séculos, questões como nacionalismo, ideologia, território e recursos ainda são fortes motivadores do uso da força militar nas relações internacionais atualmente. “Apesar de nosso progresso, aspectos como o equilíbrio de poder, ações de balanceamento, alianças e coerção são práticas correntes tanto no século XIX como na atualidade”, pondera Augusto.
Além disso, as teorias geopolíticas – especialmente as clássicas – guardam não somente uma narrativa histórica, uma cartografia de poder; mas também um conteúdo normativo, sobre o que deve ser feito. Todas ajudaram, em diferentes contextos e períodos, a moldar o ambiente geopolítico que vivemos hoje. Teorias como Heartland, Rimland e Contenção Geoestratégica, ao lado de gigantes nomes da geopolítica brasileira como Itaussu Mello e Therezinha de Castro, compõem o mosaico conceitual selecionado pelo autor para estabelecer a ponte entre o clássico e o contemporâneo.
“Geopolítica: do pensamento clássico aos conflitos contemporâneos” faz um diálogo construtivo com os interessados por Relações Internacionais, Ciências Sociais, Economia Política, História Geral e Direito Internacional. De fácil e agradável leitura, o livro é um convite a especialistas e leigos para conhecer a geopolítica e adensar a sensibilidade sobre as suas dinâmicas de poder, competição e conflito nas relações espaciais internacionais.
Sobre o autor
Augusto Wagner Menezes Teixeira Júnior é Doutor em Ciência Política na Área de Concentração de Relações Internacionais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mestre em Ciência Política e Bacharel em Ciências Sociais pela mesma instituição. Realizou Estágio Pós-Doutoral em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Professor Adjunto IV do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais (PPGCPRI/UFPB). Pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos do Exército Brasileiro (CEEEX), área de Geopolítica e Estratégias Militares (2018 – 2021). Coordena o Grupo de Pesquisa em Estudos Estratégicos e Segurança Internacional (GEESI/UFPB/CNPq). Editor-Chefe da Revista Brasileira de Estudos de Defesa (RBED). Palestrou em Cursos de Extensão e Congressos Acadêmicos do Ministério da Defesa (Brasil). Pesquisa na área de concentração de Relações Internacionais, atuando principalmente nos seguintes temas: Estudos Estratégicos, Geopolítica, Defesa e Segurança Internacional, América do Sul e Métodos Qualitativos Aplicados às Relações Internacionais. Leciona há mais de 10 anos e conta com artigos publicados em periódicos sobre os temas acima citados.
Ficha técnica
Livro: Geopolítica: do pensamento clássico aos conflitos contemporâneos
Autoras: Augusto Wagner Menezes Teixeira Júnior
Número de páginas: 238
ISBN: 9788559723366