O processo de ensino-aprendizagem é, por essência, reflexivo. “O que estou estudando?”, “Como posso aprender melhor?”, “Por que devo aprender este assunto?” são algumas das questões frequentemente levantadas pelos alunos. Neste momento, o professor assume seu papel de mediador do ensino e usa das suas experiência e didática para dar contextos e explicações. São as escolhas tomadas pelo professor sobre a forma de transmitir conhecimentos que tornam os desafios da aprendizagem mais fluidos e palatáveis aos alunos.

Para o sucesso da interação professor-aluno, o dialogismo é peça-chave. Dialogismo é a percepção de que o diálogo, por estar sempre vinculado ao refletir e ao agir, dá sentido ao ser humano. E que não há diálogo desassociado de contextos sociais, culturais e históricos; logo, sempre representam mais do que uma troca de códigos ao acaso. Todo agente comunicativo produz sentido ao que fala e ao que ouve através de suas próprias subjetividades.

Por isso, a linguagem dialógica é a ponte que conecta mentor e aprendiz e faz o conhecimento florescer em sala de aula. E no contexto da educação a distância, como isso é possível? Dentre as diversas adaptações didático-pedagógicas exigidas pelo EAD, o dialogismo passa a ser exercido pela abordagem dos materiais didáticos nos cursos online. 

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LINGUAGEM DIALÓGICA NOS MATERIAIS DIDÁTICOS

Sem interações presenciais, a linguagem dialógica é a principal ferramenta de conversa com o aluno; é por onde se fomenta curiosidade, reflexão e autonomia. É o recurso que permite ao aluno conduzir seus estudos sem interferência direta do professor, visto que a condução da aprendizagem ocorre nas estratégias textuais. A linguagem dialógica considera a bagagem do aluno, antecipa possíveis dúvidas e suscita reflexões que levam ao ponto central do estudo.

Isso ocorre através das escolhas linguísticas usadas nas orientações dos AVAs, nos conteúdos preparados pelos professores, nos materiais didáticos da IES, no roteiro das videoaulas. O princípio é estabelecer diálogo com o aluno, mantendo-o motivado e encorajado a aprender sem um tutor presencial. Usar frases curtas, evitar excesso de informação, escrever de maneira próxima à fala, citar exemplos familiares ao público, explicar termos técnicos quando o uso for necessário, chamar a atenção para conceitos que conectam ou se comparam com o que será dito adiante. Exemplos, questionamentos, sugestões e referências também são recursos utilizados pela linguagem dialógica.

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LINGUAGEM DIALÓGICA NO ENSINO REMOTO

O dialogismo atravessa a função do professor em qualquer modelo educacional. No ensino presencial, se dá nos diálogos e escolhas contextuais trazidas para sala de aula. No EAD, se dá na seleção dos materiais disponibilizados aos alunos e no grau de interatividade que eles suscitam. A linguagem dialógica é bem sucedida a partir das escolhas pedagógicas e orientações claras sobre o que, como e por que fazer. Planejar e desenvolver materiais digitais que priorizem a autonomia e encaminhem aos objetivos de aprendizagem é o grande desafio dos professores EAD.

Para consolidar uma ensino-aprendizagem não limitada – e sim potencializada – pelos canais digitais, o bom uso da linguagem dialógica é inegociável. Cabe aos docentes elaborar um processo pedagógico acessível e coerente à realidade do aluno e conseguir explicitar (via material didático) o percurso a ser seguido em direção aos objetivos previstos.

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