Novo ensino médio: o que deve mudar na capacitação de professores?
12 de abril de 2021
O novo ensino médio já está em vias de implementação em escolas públicas e privadas de diferentes regiões do Brasil, e a expectativa é que em 2022 já exista estrutura e preparo em larga escala para uma transição massiva ao novo modelo de ensino. As novas propostas são expressivas e prometem dar protagonismo ao aluno na realização de seus projetos de vida. Ampliação da carga horária de 800 para 1000 horas anuais, reformulação da Base Nacional Curricular Comum, obrigatoriedade restrita às disciplinas de Matemática, Língua Portuguesa e Língua Inglesa, criação de itinerários formativos com fomento ao ensino técnico – essas são algumas das novas diretrizes para o ensino médio brasileiro, que buscam formar alunos mais autônomos e qualificados para o mercado de trabalho.
Apesar do peso das mudanças propostas e do curto prazo adaptativo sugerido pelo governo, existe um ponto crucial para a implementação do novo ensino médio que segue nebuloso em direcionamentos oficiais: a formação de um novo perfil de professores. O atual modelo de capacitação de docentes precisa passar por uma transformação que o desassocie da lógica tradicional até então aplicada, para que os professores se adaptem a uma abordagem mais integrada e coerente com as novas propostas. A importância do corpo docente capacitado é indiscutível dentro da dinâmica de ensino; mas de que forma instruiremos nossos professores para a nova performance que lhes será cobrada?
Para perguntas tão complexas, as respostas são vagas. No Guia de Implementação do Novo Ensino Médio disponibilizado pelo governo federal no portal oficial do novo ensino médio, menções à urgência de “começar a pensar desde já” nas mudanças que a reelaboração curricular causará “em termos de materiais didáticos, indicadores de aprendizagem, condições para a formação continuada de professores e outros programas/projetos” – mas sem parâmetros, direcionamentos ou sugestões de práticas concretas.
Por parte dos órgãos reguladores da educação no Brasil, não há consenso ou recomendação sobre as novas prioridades na formação de docentes para o novo modelo de ensino médio. Mas o período de adaptação está correndo e, para uma transição consistente, a hora da mudança é agora! O que buscar na formação deste novo perfil de professores?
DE DISCIPLINA À ÁREA DO CONHECIMENTO
A primeira grande mudança sugerida para o novo ensino médio é a divisão do conteúdo por áreas do conhecimento, e não mais por disciplinas. Professores de escolas tradicionais que até hoje trabalharam com grades curriculares compostas de 10 a 12 disciplinas distintas (português, matemática, inglês, história, química, física, biologia, filosofia, sociologia, artes, redação), agora se adaptarão a quatro áreas centrais do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. A ideia é que todas as disciplinas de antes sejam contempladas dentro das quatro grandes frentes, o que certamente traz novos objetivos e desafios ao trabalho docente. Desenvolver a habilidade de apresentar assuntos de forma contextualizada e integrada em diferentes esferas deve estar no centro das novas práticas aplicadas na capacitação de professores.
INTERDISCIPLINARIDADE
O conceito de interdisciplinaridade é uma das bases estruturais do novo modelo de ensino médio, no que tange a divisão curricular em quatro áreas do conhecimento e a abordagem majoritariamente técnica destinada aos itinerários formativos. Espera-se que os assuntos sejam debatidos como elementos de um grande todo, e não mais como caixinhas individuais que não se fundem; é nessa abordagem integrada que o novo modelo se propõe a formar jovens mais preparados para o mercado de trabalho. Para que essa proposta de ensino seja possível na prática, as mudanças devem começar logo no currículo das licenciaturas. Professores de diferentes matérias de uma mesma área do conhecimento precisarão se integrar ainda dentro das universidades, para que o processo formativo dos docentes já se baseie na proposta interdisciplinar. As coordenações das graduações de conhecimentos complementares (como física, biologia e química, por exemplo) precisarão articular diálogo direto entre os futuros professores para que, na sala de aula, a integração multidisciplinar seja viável e possível.
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DEFINIÇÃO DE ITINERÁRIOS FORMATIVOS
Os itinerários formativos são conjuntos de disciplinas, projetos, oficinas e situações de trabalho viabilizados pela instituição de ensino como parte integrante do currículo do ensino médio, que podem ser escolhidos pelos alunos de acordo com as áreas de maior afinidade. A definição dos itinerários formativos deve ser feita pelas próprias instituições em conjunto com a equipe docente, desafio potencializado pelas diferentes condições técnicas e financeiras que cada estado apresenta para a elaboração de seus próprios currículos. O Ministério da Educação se comprometeu a disponibilizar um guia orientador para a elaboração dos itinerários formativos, mas, até o presente momento, poucas instruções foram cedidas. O novo modelo de formação de professores deverá suprir esta lacuna, capacitando os futuros docentes para elaborar e executar itinerários formativos que contribuam efetivamente na formação dos alunos.
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