Dinheiro, emoção e decisão: novo livro analisa a organização financeira pelo viés da Economia Comportamental
30 de setembro de 2022
O mundo não é binário. Pessoas não são máquinas previsíveis, nem criaturas movidas (somente) por impulsos irracionais. Entretanto, a economia tradicional entende as decisões financeiras ruins como fruto exclusivo da falta de conhecimento técnico. Essa ótica parte de uma racionalidade perfeita, e ignora a profunda desigualdade de renda existente na sociedade. Quando o objetivo é identificar maus hábitos financeiros para estabelecer uma relação mais saudável com o dinheiro, que tal também considerar fatores psicológicos e comportamentais? É a proposta levantada em “Finanças comportamentais: desejos, tentações e felicidade”, mais recente publicação do Prof. Emerson Weslei Dias, lançada pela Intersaberes em julho.
Buscando amparo na Psicologia, na Filosofia, na História e nas complexidades dos relacionamentos interpessoais, a obra constitui um guia interdisciplinar e humano sobre finanças comportamentais. Ao longo de 13 capítulos, temas como neuroeconomia, educação financeira, motivação humana, comportamento coletivo, marketing sensorial, arquitetura da escolha e psicanálise são organizados para ajudar o leitor a compreender o caráter multifatorial de suas decisões financeiras – nem sempre acertadas. Prof. Emerson Dias busca, ao elucidar assuntos complexos em linguagem acessível, mostrar que é possível organizar-se financeiramente sem que haja interferência negativa das emoções no processo de tomada de decisão, independentemente do nível de conhecimento técnico em Economia.
Psicologia Econômica e a subjetividade do trato com dinheiro
Gastar mais do que se ganha, comprar por impulso, abusar do cartão de crédito, priorizar compras a prazo ao pagamento à vista com desconto. São comportamentos danosos, porém frequentes – simbolizam apenas desorganização financeira? “Se olharmos só pela Economia, sim. Se colocarmos Psicologia nesse caso, descobrimos que esse comportamento advém de significados que o indivíduo atribui ao dinheiro, de forma consciente ou inconsciente. Assim, não podemos tratá-lo apenas recomendando que faça uma planilha de controle de gastos mensais. Isso é importante, mas precisamos também compreender os efeitos psíquicos, e isso excede qualquer planilha de controle”, explica o mestre especialista em Psicologia Econômica (Fipecafi) e em Psicologia no Ambiente Organizacional (FIA), Prof. Emerson W. Dias.
A Psicologia Econômica é o campo que investiga os fundamentos psicológicos e as consequências dos fenômenos e comportamentos econômicos. “Não cabe apenas uma explicação da Economia para um fenômeno econômico, é preciso sempre tentar compreender a cabeça de quem teve aquele comportamento; seja um indivíduo, seja um grupo de pessoas. A Psicologia Econômica é uma busca para compreender a experiência e o comportamento humanos em contextos econômicos”, salienta o autor. Pode e deve ser usada em análises de consumidor, poupador, investidor, relacionamentos entre sócios, casais, educação de filhos, decisões de compra de empresas, imóveis, contratação de pessoas – inúmeras aplicações a nível pessoal e/ou profissional.
Teoria da Perspectiva e contribuições psicanalíticas
O estudo dos comportamentos financeiros pode ser embasado por teorias da Economia clássica. A Teoria da Utilidade presume que o agente econômico é racional e sempre tomará decisões que lhe tragam mais vantagem ou menos prejuízo, maior satisfação ou retorno. No viés da Psicologia Econômica, entretanto, prioriza-se a Teoria da Perspectiva. “Questiona-se a capacidade do agente econômico ser sempre racional, uma vez que sofre influências das heurísticas, do contexto, da emoção do momento, de vários fatores que afetarão sua visão e, portanto, sua decisão. E esta será, quando muito, ‘racionalmente limitada’. O nome vem da ideia de que indivíduos tendem a avaliar perspectivas futuras envolvendo incerteza e risco de maneira parcial”, esclarece o autor.
A psicanálise oferece suas contribuições na compreensão do processo decisório do indivíduo. Vera Rita de Mello, grande autoridade em Psicologia Econômica no Brasil e importante referencial teórico na elaboração do livro, diz que “para a psicanálise, o componente emocional está presente em todas as ações humanas, tanto no plano psíquico como no sensorial”. Teorias freudianas defendem que “há um instinto gregário inato ao homem”; um espírito animal que, naturalmente, afeta também a economia. “Uma briga de torcidas, investidores querendo vender seus papéis na bolsa de valores, clientes em uma loja em época de Black Friday, pessoas desesperadas para estocar comida porque foi anunciada uma quarentena na cidade… É o esprit de corps – um espírito comunitário que Freud tratou de explicar”, comenta Prof. Emerson W. Dias.
A leitura de “Finanças comportamentais: desejos, tentações e felicidade” é descontraída sem deixar de ser solidamente referenciada, recomendada a todos que desejam construir uma coexistência pacífica com o dinheiro. Relevante a estudantes e operadores da Economia e da Psicologia, sócios de empresas, parceiros amorosos e demais grupos que, por motivos acadêmicos, profissionais ou pessoais, precisarão conversar sobre investimentos. “Desde que li Schopenhauer, a ideia de compreender a busca por satisfação que nós humanos temos, aumentou em mim. Conectar Filosofia com Economia me fazia muito sentido. Este livro é fruto natural do meu processo de amadurecimento enquanto pesquisador interdisciplinar, como é a Psicologia Econômica”, finaliza o autor.
Ficha técnica
Livro: Finanças comportamentais: desejos, tentações e felicidade
Autor: Emerson Weslei Dias
Número de páginas: 374
ISBN: 9786555172904
Formato: brochura
Dimensões: 1.9 x 14 x 21 cm
Preço: R$152,40
Editora: Intersaberes
Mais informações sobre o livro “Finanças comportamentais: desejos, tentações e felicidade”
Sobre o Autor
Emerson Weslei Dias é doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; mestre em Administração – Gestão de Negócios pela Fundação Instituto de Administração/Universidade de São Paulo (FIA/USP); MBA Internacional em Gestão Estratégica de Pessoas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e em Empreendedorismo pelo Babson College, nos Estados Unidos; bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de Osasco (Feao); pós-graduado em Controladoria pela Trevisan; e especialista em Psicologia Econômica pela Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), em Psicologia no Ambiente Organizacional pela FIA e em Direito Societário e Tributário pela Associação Paulista de Estudos Tributários (Apet). Tem certificações internacionais para a aplicação de instrumentos psicométricos e assessments como MBTI® (tipos psicológicos), EQ-i (inteligência emocional) e BIRKMAN (carreira). É autor de quatro livros: “Carreira: a essência sobre a forma”, “O inédito viável”, “O inédito viável na gestão de pessoas: reflexões e filosofia prática sobre liderança” e “O inédito viável em finanças pessoais: dinheiro caro, filosofia barata”. É também professor dos cursos de graduação, pós-graduação e executivos da Fipecafi, lecionando sobre temáticas como contabilidade, administração, ética, compliance, liderança, gestão de pessoas e finanças comportamentais; no MBA da FIA Business School, lecionando Ética Empresarial e Gestão de Talentos; e professor convidado do MBA do Insper na disciplina de Dilemas e Desafios da Liderança. É colunista na Rádio Trianon, vice-presidente de Capital Humano da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) e membro da Comissão de Educação Profissional Continuada do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP). Tem presença constante na mídia comentando assuntos relativos a aspectos de carreira, comportamento e dinheiro.